Artigo: A relação perigosa entre o álcool e o medicamento

Por João Isidro Vinhal*

Presidente da AEA-MG

Disciplinar alguém quanto à adoção de um novo hábito é uma tarefa difícil. Você, certamente, conhece várias pessoas que iniciam e encerram dietas em um intervalo de tempo muito curto. Certamente, sabe de alguém que se matricula em uma academia de ginástica e, logo, abandona. Os exemplos são vários, e as justificativas também. Fato é que adotar novos costumes é uma tarefa complicada, que exige uma grande dedicação.

Tal situação é mais complicada quando, além de adotar um novo hábito, o indivíduo se vê obrigado a largar um que já faz parte de sua rotina. O principal exemplo é ter que começar um tratamento com medicação e, ao mesmo tempo, deixar de ingerir bebidas alcoólicas. Muitos não conseguem conciliar as duas coisas quando se vêm diante de uma situação de problema de saúde. O resultado não é outro, senão, o agravamento dos problemas de saúde, na grande maioria dos casos.

São várias as pesquisas científicas que mostram que o consumo de bebidas  alcoólicas influencia o efeito dos medicamentos, aumentando ou diminuindo sua eficácia, além de potencializar a ocorrência dos efeitos colaterais. Antibióticos ou remédios para tratar depressão, ansiedade, epilepsia, hipertensão arterial, diabetes ou para a coagulação sanguínea são alguns exemplos de medicamentos que  interagem negativamente com o álcool. E, no caso de nós, aposentados, tais remédios são os mais utilizados, haja vista as necessidades de tratamento que chegam com o avançar da idade.

O consumo rotineiro e o ocasional de álcool podem alterar a transformação dos medicamentos, resultando em produtos tóxicos que danificam o fígado e outros órgãos. Os indivíduos que estão fazendo uso de remédios não devem tomar nenhum tipo de bebida alcoólica, pois o álcool prejudica o efeito da medicação e pode provocar o agravamento de doenças.

Continuando, a associação entre antiparasitários e álcool – outro exemplo – causa dor de cabeça, taquicardia, náuseas e sudorese. Em casos extremos, pode levar até a convulsões. Os medicamentos para tratar as verminoses tendem a durar até três dias, sendo necessário esperar mais 24 horas após o uso para consumir alguma bebida alcoólica. Para quem bebe, é uma autodisciplina difícil de ser seguida.

Paracetamol com álcool é outra péssima combinação: quando interagem, eles se tornam extremamente tóxicos e podem lesionar o fígado; seu uso rotineiro pode até ser fatal. O paracetamol não deve ser usado nem para curar ressaca, já que é recomendado esperar até 6 horas para ingerir qualquer bebida alcóolica após o uso desse analgésico.

Os ansiolíticos e o álcool, quando administrados juntamente, podem levar a uma parada respiratória. É preciso esperar até 12 horas para ingerir bebida alcoólica após tomar o medicamento, e vice versa. Aqui, não há muito espaço para os incontáveis exemplos que podem ser citados. Fato é que o álcool não combina com nenhum tipo de remédio e deve ser evitado ao máximo. Caso contrário, além de não resolver um problema, o paciente pode adquirir outro.

Com informações do site:

tuasaude.com

 

*João Isidro Vinhal é profissional de saúde na área de enfermagem. Nas horas disponíveis, atua como voluntário. Inscrição no COREN-MG